Servidores da educação corumbaense passam por momento delicado com a gestão atual
Servidores da educação corumbaense passam por momento delicado com a gestão atual
No coração da política corumbaense, um debate incômodo vem se desenrolando: o sistema remuneratório dos servidores públicos. Ao longo de diferentes gestões, a cidade construiu uma política de valorização que incluiu adicionais e gratificações, reconhecendo o papel fundamental do funcionalismo. Esses mecanismos não foram invenções casuísticas, mas conquistas fruto de luta, suor e resultados.
Agora, a atual administração insiste em repetir o mantra de que tais verbas teriam “inflado a folha” e impedido investimentos no município. A pergunta que não cala: se prefeitos anteriores, mesmo pagando essas mesmas parcelas, conseguiram realizar obras e investir com recursos próprios, estamos diante de uma crise real ou de incompetência administrativa?
Os números não mentem
Na Câmara, ficou claro: a maior queda de arrecadação se deu justamente nos recursos próprios. Isso não decorre da folha de pagamento, mas da política fiscal e da condução da Secretaria de Planejamento, Receita e Administração. Ou seja, ao invés de reconhecer falhas na arrecadação e na gestão tributária, a narrativa tenta deslocar o peso do problema para os servidores. Mais fácil culpar quem trabalha do que encarar a responsabilidade política.
O efeito dominó: denúncias anônimas
Curiosamente, desde janeiro a administração se mostra determinada a cortar direitos. E, de repente, começam a pipocar denúncias anônimas em órgãos de controle externo. Coincidência ou estratégia? Há quem enxergue nisso uma tática antiga: provocar um cenário de fiscalização para, em seguida, justificar cortes amparados em recomendações formais. Não é possível afirmar que haja intencionalidade, mas é, no mínimo, estranho.
A reação dos servidores
A paciência tem limite. Servidores já se organizam em bastidores e discutem estratégias de retaliação. Fala-se em expor contratos iniciados antes da formalização, apontar pareceres retroativos e revelar situações éticas duvidosas, como prestadores de serviços que, após manterem contratos com a Prefeitura, são nomeados para desfazer os próprios trabalhos. Uma resposta direta ao retrocesso imposto pela gestão.
O risco político
Ao atacar conquistas salariais, a administração abre uma crise dentro de casa. Servidores, que sempre foram a base de apoio silenciosa, voltam a se organizar e devem recorrer novamente à Câmara Municipal. O prefeito Gabriel corre o risco de enfrentar não só desgaste com a população, mas também de perder sustentação política, justamente pela forma hostil de tratar aqueles que fazem a máquina girar e que projetam Corumbá em eventos técnicos por todo o estado, inclusive junto ao Tribunal de Contas.
E aqui entra um detalhe que não pode ser ignorado: 2026 é ano de eleições municipais. O tabuleiro político já está em movimento. Tudo indica que o ex-gestor prepara sua candidatura, e sua principal cabo eleitoral é justamente quem hoje comanda a política de recursos humanos da atual gestão. Como explicar tamanha contradição? Quem planta desvalorização, colherá insatisfação.
“Mais uma marretada do 40”?
O discurso de cortes pode até tentar se disfarçar de responsabilidade fiscal, mas nos bastidores, os servidores já se perguntam: será que devem aguardar, de braços cruzados, mais uma “MARRETADA DO 40”? A sensação de déjà-vu é inevitável: direitos conquistados sendo esmagados em nome de um projeto político que usa a máquina administrativa como palco eleitoral.
Conclusão
Não se trata apenas de números em planilhas. O que está em jogo é o modelo de cidade que se deseja: uma Corumbá que valoriza seu capital humano e reconhece o servidor como protagonista, ou uma gestão que, diante de dificuldades arrecadatórias e de planejamento, prefere cortar direitos conquistados. O retrocesso não se esconde atrás de discursos técnicos: ele se sente no bolso do servidor, na movimentação eleitoral precoce e no desânimo de quem sempre sustentou a engrenagem pública.
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